terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Resenha de um capitulo do livro O teorema do Papagaio

O TEOREMA DO PAPAGAIO

Capítulo: PITÁGORAS, O HOMEM QUE VIA NÚMEROS EM TODA PARTE
Carina de Lurdes Soares
Greice Lazzarotto
Acadêmicas do curso de Matemática da Universidade de Caxias do Sul, RS.



GUEDJ, Denis. Pitágoras, o homem que via números em toda parte. In: ______. O teorema do papagaio. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 104 - 122.
Este capítulo conta a história de Pitágoras, seus estudos e, posteriormente seus ensinamentos na Escola Pitagórica.
O capítulo "Pitágoras, o homem que via números em toda parte" está inserido no livro O teorema do papagaio que está dividido em vinte e seis capítulos: Nofutur; Max, o eólico; Tales, o homem da sombra; A biblioteca da floresta; O pessoal matemático de todos os tempos; A segunda carta de Grosrouvre; Pitágoras, o homem que via números em toda parte; Da importância à segurança. Os números irracionais; Euclides, o homem do rigor; O encontro de um cone com o plano; Os três problemas da Rue Ravignan; Os obscuros segredos do IMA; Bagdá durante; Bagdá depois; Tartaglia, Ferrari. Da espada ao veneno; Igualdade; Fraternidade, liberdade. Abel, Galois; Fermet, o príncipe dos amadores; A rosa-dos-ventos; Euler, o homem que via a matemática; Conjecturas e Cia; Impossível é matemático; Gostaria de ver Siracusa; Arquimedes. Quem pode o menos pode o mais; Mamaguena!; As pedras do vau. O livro conta o dia-a-dia de um filósofo numa cadeira de rodas, um menino surdo, um casal de gêmeos adolescentes e um papagaio que sofre de amnésia. Esta narração se passa em Paris e conta a "história da matemática", não apenas com fórmulas, mas de uma forma diferente da utilizada no nosso sistema de ensino. O Senhor Ruche recebe uma biblioteca completa com livros raros de matemática, e passa a transmitir as envolventes histórias aos gêmeos, Jonathan e Lea, à medida que os estudos avançam, ficam cada vez mais curiosos a respeito das incríveis coincidências entre suas vidas e a daqueles que estudam. Despertando o interesse na compreensão e organização da história do pensamento matemático desde a antiguidade até os dias atuais.
Denis Guedj relata que o Senhor Ruche ao ler a carta de seu amigo vê significados nas entre linhas e questiona-se por que ele foi escolhido, qual seria o segredo. Para entender melhor isso pega livros pré-socrático e A vida de Pitágoras, livro bastante utilizado pelo seu amigo, dando atenção especial às páginas mais gastas. Enquanto lê os livros faz anotações, que serão utilizadas nas explicações para os gêmeos. Sua primeira anotação foi "Pitágoras inventou a palavra filosofia".
Posteriormente, faz um breve relato da vida de Pitágoras, contando que ele nasceu no século VI a.C. na Ilha de Samos. Estudou na Jordânia com Tales. Depois no Monte Carmel, no Egito, onde aprendeu com os sacerdotes egípcios. Preso na Babilônia, aprendeu com os escribas e os magos babilônicos. Por fim instala-se em Crota, onde funda a Escola Pitagórica, que permaneceu por 150 anos e contou com 218 pitagóricos.
O autor prossegue com histórias da escola, onde Hipasus, um dos primeiros pitagóricos, trabalhava com os iniciantes e foi o inventor da média harmônica. O livro ainda traz a explicação das três médias: aritmética, geométrica e harmônica. Relata que Hipócrates foi o inventor do raciocínio por absurdo e conta como isso é feito, pegando o contrário de uma proposição e considerando-a verdadeira se isso gerar um absurdo, consequentemente a proposição negada inicialmente é verdadeira. Conta que Cílon, um morador da cidade, rejeitado na Escola Pitagórica queima membros da mesma em uma reunião, somente um sobrevive Filolaus, que já naquela época dizia que a Terra não era o centro do universo. Arquitas tornou o um número como os outros, e, além disso, foi o primeiro engenheiro, aplicando os princípios matemáticos da geometria.
O livro traz relações com os integrantes da família e os matemáticos estudados. Relata que os pitagóricos introduziram a música e a mecânica, defendendo a aritmética como ciência dos números, fez as primeiras demonstrações verdadeiras, demonstraram que a soma dos ângulos de todos os triângulos é 180º e principalmente demonstraram a irracionalidade.
Guedj continua narrando agora as ilustrações feitas pela família, à experiência musical com cilindros e água para explicar que Pitágoras via números em toda a parte e que foi na música que ele a descobriu pela primeira vez, pois a harmonia nas músicas são relações numéricas. Pitágoras inventou a palavra „Cosmos‟ que representa a boa ordem e a beleza relacionada à música. A partir da matemática na música, os pitagóricos analisaram a aritmética, a ciência dos números, diferente do cálculo puro. A história toda é contada para Jonathan e Lea pelo Senhor Ruche, Max e Nofutur, com grande preparação e organização. Eles relatam aos gêmeos que Pitágoras foi o primeiro a classificar os números, dividindo os inteiros em pares e ímpares e estabeleceu as seguintes regras: par mais par igual a par; ímpar mais ímpar igual a par; par mais ímpar igual a ímpar; par vezes par igual a par; ímpar vezes ímpar igual a ímpar; par vezes ímpar igual a par. Contam ainda que o teorema de Pitágoras não foi criado por ele, e sim por um escriba cem anos antes do nascimento de Pitágoras, porém quem demonstrou foi Pitágoras e com isso coube a ele o teorema, fazem a demonstração prática do mesmo com a conclusão sendo a regra. O Senhor Ruche conta como era feito o ensino na escola Pitagórica e que ele fez da mesma maneira com Jonathan e Lea, primeiramente atrás da cortina calados, passada essa fase são admitidos na escola Pitagórica.
O autor conclui com uma discussão sobre a morte de Grosrouvre, relacionando com a história dos pitagóricos, pois quando um integrante da escola era recusado, e por consequência era feita sua exclusão, faziam-lhe um túmulo, mesmo que não tivesse morrido para que os que descobrissem o mesmo acreditavam que a pessoa a quem
pertencia estava morta. E com isso ligaram à morte de Grosrouvre, será que o corpo encontrado carbonizado era mesmo dele? Ou a morte foi simbólica como a dos pitagóricos que eram expulsos da escola?
Compreendemos que este livro é uma importante referência na literatura mundial. Professores, alunos de graduação e leitores em geral que se interesse a esse tipo de leitura verificaram como é atraente as coincidências enigmáticas e surpreendentes da historia da matemática revelando toda a poesia dessa maravilhosa ciência.
O autor Denis Guedj, escritor e matemático francês, nasceu em 1940 e faleceu em 24 de abril de 2010. Estudou matemática em Paris e lecionou história da ciência e epistemologia na Universidade de Paris VIII.
Suas principais obras são: La Chaise (Robert Laffont, 1997), O Teorema do Papagaio (Seuil, 1998), A Bela (Seuil, 2001), O Cabelo de Berenice (Threshold, 2002), e ensaios: A Revolução dos Estudiosos (Gallimard, 1988), O Império dos Números (Gallimard, 1996), Liberdade não vale nada (Seuil, 1997), O metro do Mundo (Seuil, 2000).

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